sábado, 9 de fevereiro de 2013

Serenata - Cecília Meireles

Desafio nº 10

Serenata (by Selma Amaral)

As janelas do quarto
Devagar se abriram
E deixaram entrar a música.

Cada nota,
Cada tom,
Cada melodia

Chegava num rompante
E, pulsante,
Soprava as cortinas.
                                                                                                                                                                                  
Quando ela apareceu
Na sacada,
Os pássaros cantavam.

Serenata (Cecília Meireles)

Repara na canção tardia
que timidamente se eleva,
num arrulho de fonte fria.

O orvalho treme sobre a treva
e o sonho da noite procura
a voz que o vento abraça e leva.

Repara na canção tardia 
que oferece a um mundo desfeito
sua flor de melancolia.

É tão triste, mas tão perfeito,
o movimento em que murmura,
como o do coração no peito.

Repara na canção tardia
que por sobre o teu nome, apenas,
desenha a sua melodia.

E nessas letras tão pequenas
o universo inteiro perdura.
E o tempo suspira na altura

por eternidades serenas.
(Meireles, Cecília. Viagem, Vaga Música. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1982. p.24)

Comentário: Nos primeiro textos, enquanto escrevia, pensava em como seria o poema de Cecília. Agora, não mais. Apenas fico imaginando as palavras que preencherão os espaços que o título me dá. Lindo! O poema de Cecília é simplesmente lindo. E o final é fantástico, retoma o título e fecha com chave de ouro: Serenata/ eternidades serenas. O meu? Hummm... Preciso amadurecer muito. Vamos ouvir um pouco de Moonlight serenade de Glen Miller.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=n92ATE3IgIs Acesso 09/02/2013

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