domingo, 3 de fevereiro de 2013

Discurso - Cecília Meireles

Desafio nº 5

Discurso (by Selma Amaral)

O que falo não tem eco

Quando penso, peso palavras

      E lavro as frases.
Vou cultivando parágrafos inteiros
      Em minha mente.

As sementes das letras na terra
Água da chuva que cai
Palavras que nascem
Florescem e crescem e dão
Frutos que alimentam

Palavras que matam
A fome de quem
Não sabe dizer.                                                                                                                                                                                                                                                                                       
                           
                                                                               
Discurso (Cecília Meireles)                           

E aqui estou, cantando.


Um poeta é sempre irmão do vento e da água:
deixa seu ritmo por onde passa.

Venho de longe e vou para longe:
mas procurei pelo chão os sinais do meu caminho
e não vi nada, porque as ervas cresceram e as serpentes andaram.

Também procurei no céu a indicação de uma trajetória,
mas houve sempre muitas nuvens.
E suicidaram-se os operários de Babel.

Pois aqui estou, cantando.

Se eu nem sei onde estou,
como posso esperar que algum ouvido me escute?

Ah! se eu nem sei quem sou,
como posso esperar que venha alguém gostar de mim?
(Meireles, Cecília. Viagem, Vaga Música. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1982. p.17)
(Fonte Imagem: http://monografias.brasilescola.com/regras-abnt/pessoas-discurso-cientifico.htm

Comentário: Estou me divertindo muito. Às vezes é difícil escrever. As palavras fogem, mas quando termino meu texto e leio Cecília, parece que ela me responde as perguntas que faço enquanto"lavro as frases". Similaridades: " O que falo não tem eco" (Selma) e "como posso esperar que algum ouvido me escute?" (Cecília). Adoro!!



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