sexta-feira, 13 de junho de 2014

Uma semana de amor...


Uma história de amor (by Marcos Delgado)

Era uma vez um jovem. Era uma vez uma jovem. Ele brilhava por ela. Ela brilhava para ele. E quando brilhavam, o que era flor se coloria e se perfumava, o que era bicho cantava, pulava e voava; o que era de pedra dava passagem e se fazia caminho. E o que era tudo só ficava vendo.
E todo mundo via e sabia que o mundo todo era e seria bem mais feliz, toda vez que ele brilhasse por ela e ela brilhasse por ele.

Mas...
O que todo mundo não sabia de repente aconteceu e ninguém sabe porque que ela se pôs a brilhar para outro também. Era um velho que apareceu não se sabe quando nem de onde e que também brilhava para ela, o que fazia com que ela brilhasse ainda mais.
O jovem que só brilhava por ela, quando a viu brilhar para o velho, foi se apagando, se consumindo, sumindo. Todo mundo sabia que ele continuava lá, mas ninguém mais via. Até que, de tanto não vê-lo mais, acabaram por não sabê-lo mais.
Sem que ninguém o soubesse, o jovem foi vivendo sua vida apagada. E a escuridão dos seus dias fez brotar uma flor de rancor, que não precisa de luz para florescer. E as raízes da flor tomaram conta do coração do jovem, que virou bicho que rosnava. E tudo que era tempo foi passando sem que ninguém visse ou soubesse.
Enquanto isso, a jovem que tinha brilhado para o jovem e que tinha brilhado mais, por causa do velho, empalideceu sem que ninguém soubesse, com todo mundo vendo.
O velho, depois de fazer a jovem brilhar como nunca antes, sumiu-se, levando consigo o brilho que a jovem lhe brilhava. E ninguém viu mais, ninguém soube mais. E tudo que era tempo também passou, sem que vissem ou soubessem.
O jovem com a flor de rancor enraizada no peito, nos olhos e no pensamento, foi procurando saber como fazer para vingar, com dor, a dor que sentia. E a flor de rancor, junto com o tempo que passava, foi fazendo velho, o jovem.
Mas era tanto o desejo de querer ver e saber do brilho da jovem que, de tanto pedir e chorar, depois de tanto envelhecer, o jovem, agora velho, voltou. Tudo o que era tempo que havia passado e sem que se visse ou se soubesse, de novo voltou e se fez de novo. E ao lado da jovem, que brilhava para ele, ele brilhou de novo. Brilhou por ela e para ela. E a jovem brilhou mais, ainda mais.
E então, o velho viu o jovem, e viu ele nele, e viu que ele fez ele ficar sem brilhar. E a flor de rancor brotou e se fez flor de desespero e ele, velho, se foi e foi ser o que ele, jovem se tornaria.
E ela, que brilhava tanto para ele, empalideceu.
E ele, jovem, apagou-se.
E ele, velho, ficou.
E tudo o que era tempo que havia passado e voltado, voltou a passar... de novo...
Mas... de repente... o que todo mundo não sabia, mas esperava, aconteceu.