terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Grandes Esperanças - Charles Dickens

Final da História

Estou acabando.  Últimas páginas. Últimas palavras.
Meus amigos estão indo embora, mas não vou mais esquecê-los:
Pip, Estela, Sra. Havisham, Joe, Biddy, Herbert e todos os outros.
Eles me fizeram companhia. Falaram comigo. Me ensinaram.
Estou triste. Eu sempre fico assim nas últimas páginas, nas últimas palavras.

Agora restam-me as perguntas:                                                                                         

Quem me fará companhia ? Que livro eu leio? São tantas opções...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Verão

Ode ao Verão
(By Selma Amaral)

Daqui a pouco mais que um mês, termina o verão. Sol, calor, chuva à tarde... roupas leves.
Daqui a pouco termina o verão e os dias não serão mais tão longos,
As praias não estarão mais cheias,
As cachoeiras terão suas quedas vazias.

Daqui muito pouco termina o verão
Os agasalhos abandonados no armário
Sorrirão pois então, sairão para passear.

Os namorados voltarão a ser românticos,
Os jantares serão mais quentes.

Temos ainda pouco mais que um mês.
Um mês de sol, calor, chuva a tarde... roupas leves.
Temos ainda um pouco de sol forte ao meio-dia.
E namorados segurando os dedos mindinhos.

Mais um mês e ele dá um tempo sai de férias, e só volta em julho
No Hemisfério Norte.



quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O que é arte?

Hoje estou pensando nisso: O que é arte??

Li, ainda nos tempos da faculdade que a arte é a expressão do belo. O belo entendido como graça, aquilo que encanta. Sendo assim, onde está a arte?

Está nas canções que ouvimos ou assobiamos de repente;
Está na pintura dos quadros dos museus ou nos desenhos da criança com os dedos sujos de tinta;
Está na atuação do ator de teatro ou quando fingimos chorar para impressionar alguém;
Está na construção de ogivas do arquiteto famoso ou no castelo de areia na praia.

Mas há que se ter beleza, encanto... 

Preciso me encantar, pode ser que amanhã, depois, ou depois,

Mas eu volto com os poemas. Eu e Cecília. E claro. Continuarei postando...

Fique com um pouco de arte, então:







terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Canção - Cecília Meireles

Desafio nº 13



Canção (by Selma Amaral)

Desgastadas, as notas
outrora harmoniosas
desafinam.

Um sorriso sofrido
procura a melodia
perdida.                                                                                                       

Onda de sons
captam a vibração
da alma solitária.

Canção nascida
Pela dor
esquecida.

Canção (Cecília Meireles)

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois tudo estará perfeito:
praia lisa, águas ordenadas.
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
             (Meireles, Cecília. Viagem, Vaga Música. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1982. p.28)
                  Fonte vídeo: Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=u0yVfm4ivi0. Acesso 12/02/2013

Comentário: Canção: final dos sonhos. De alguma forma os sonhos devem acabar. Será que é isso? A canção deve acabar, o sonho, a esperança. Será que a canção não deveria trazer um pouco de felicidade?

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Conveniência - Cecília Meireles

Desafio nº 12

Conveniência (by Selma Amaral)

A porta do elevador
abriu-se no andar esperado,
enquanto os olhos fugidios
escapavam.

A frase sussurrada,
a voz interrompida,
a pergunta sem resposta.
Os passos apressados 
que saíam na conveniência
da multidão que entrava.

Conveniência (Cecília Meireles)

Convém que o sonho tenha margens de nuvens rápidas
e os pássaros não se expliquem, e os velhos andem pelo sol,
e os amantes chorem, beijando-se, por algum infanticídio.

Convém tudo isso, e muito mais, e muito mais...
E por esse motivo aqui vou, como os papéis abertos
que caem das janelas dos sobrados, tontamente...

Depois das ruas, e dos trens, e dos navios,
encontrarei casualmente a sala que afinal buscava,
e o meu retrato, na parede, olhará para os olhos que levo.

E encolherei meu corpo nalguma cama dura e fria.
(Os grilos da infância estarão cantando dentro da erva...)
E eu pensarei: "Que bom! nem é preciso respirar!..."
(Meireles, Cecília. Viagem, Vaga Música. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1982. p.27)

Comentário: Estou no 12º desafio e a cada dia tenho me impressionado mais. Não sei se é o meu olhar, mas me parece que um tom de tristeza tem perpassado os poemas de Cecília. De alguma maneira, uma certa ideia de "parece que nunca dá certo" também está sempre presente nos textos de Selma, como foi possível ler aqui. Vejamos o que nos espera nas próximas páginas. Continue acompanhando, isso é bem conveniente para mim, ou para nós...


domingo, 10 de fevereiro de 2013

A última cantiga - Cecília Meireles

Desafio nº 11

A última cantiga (by Selma Amaral)

Ponto final.
Antes dele, a palavra derradeira
esparramada ficou.
O trabalho acabou.

Fechado o caderno
De antoçaões
Repleto
O segredo guardou...

Os amores, paixões,
As belezas e vozes
Contidas
na página fechada.

Ponto final.
Depois dele, nenhuma palavra
Lágrimas.
O poeta acabou.

A última cantiga (Cecília Meireles)

Num dia que não se adivinha,
meus olhos assim estarão:
e há de dizer-se: " Era a expressão
 que ela ultimamente tinha."

Sem que se mova a minha mão
nem se incline a minha cabeça
nem a minha boca estremeça,
- toda serei recordação.

Meus pensamentos sem tristeza
de novo se debruçarão
entre o acabado coração
e o horizonte da língua presa.

Tu, que foste a minha paixão,
virás a mim, pelo meu gosto
e de muito além do meu rosto
meus olhos te percorrerão.

Nem por distante ou distraído
escaparás à invocação
que, de amor e de mansidão,
te eleva o meu sonho perdido

Mas não verás tua existência
nesse mundo sem sol nem chão,
por onde se derramarão
os mares da minha incoerência.

Ainda que sendo tarde e em vão,
perguntarei por que motivo
tudo quanto eu quis de mais vivo
tinha por cima escrito: "Não".

E ondas seguidas de saudade,
sempre na tua direção,
caminharão, caminharão,
sem nenhuma finalidade.
(Meireles, Cecília. Viagem, Vaga Música. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1982. p.25-26)

Comentário: É triste. A despedida de alguém. Os dois poemas não se limitam a descrever apenas o que seria o último texto, mas tratam da vida... Reflexão. 


sábado, 9 de fevereiro de 2013

Serenata - Cecília Meireles

Desafio nº 10

Serenata (by Selma Amaral)

As janelas do quarto
Devagar se abriram
E deixaram entrar a música.

Cada nota,
Cada tom,
Cada melodia

Chegava num rompante
E, pulsante,
Soprava as cortinas.
                                                                                                                                                                                  
Quando ela apareceu
Na sacada,
Os pássaros cantavam.

Serenata (Cecília Meireles)

Repara na canção tardia
que timidamente se eleva,
num arrulho de fonte fria.

O orvalho treme sobre a treva
e o sonho da noite procura
a voz que o vento abraça e leva.

Repara na canção tardia 
que oferece a um mundo desfeito
sua flor de melancolia.

É tão triste, mas tão perfeito,
o movimento em que murmura,
como o do coração no peito.

Repara na canção tardia
que por sobre o teu nome, apenas,
desenha a sua melodia.

E nessas letras tão pequenas
o universo inteiro perdura.
E o tempo suspira na altura

por eternidades serenas.
(Meireles, Cecília. Viagem, Vaga Música. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1982. p.24)

Comentário: Nos primeiro textos, enquanto escrevia, pensava em como seria o poema de Cecília. Agora, não mais. Apenas fico imaginando as palavras que preencherão os espaços que o título me dá. Lindo! O poema de Cecília é simplesmente lindo. E o final é fantástico, retoma o título e fecha com chave de ouro: Serenata/ eternidades serenas. O meu? Hummm... Preciso amadurecer muito. Vamos ouvir um pouco de Moonlight serenade de Glen Miller.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=n92ATE3IgIs Acesso 09/02/2013

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Epigrama nº2 - Cecília Meireles

Desafio nº 9

Epigrama nº 2 (by Selma Amaral)

Cantar parecia obscuro
Os sons, os tons, 
O escuro.

Não havia 
a palavra, 
Em seu lugar um muro.

E do nada,
Surgiu a primeira pausa,
O primeiro verso.

E a voz se encheu
E a luz se deu.

Epigrama nº 2 (Cecília Meireles)

És precária e veloz, Felicidade.
Custas a vir, e, quando vens, não te demoras.
Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo,
e, para te medir, se inventaram as horas.

Felicidade, és coisa estranha e dolorosa.
Fizeste para sempre a vida ficar triste:
porque um dia se vê que as horas todas passam,
e um tempo, despovoado e profundo, persiste.

(Meireles, Cecília. Viagem, Vaga Música. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1982. p.23)


Comentário: Tenho sentido vontade de escrever, mas o desafio às vezes se torna difícil, pois temo que passe a pensar só porque tenho que ter algo a dizer. Estou lutando para que não aconteça, pois quero continuar lendo e escrevendo Cecília. Quanto aos textos, há tristeza em ambos, mas a tristeza de Cecília é bem mais contundente.




quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Música - Cecília Meireles

Desafio nº 8

Música (by Selma Amaral)

A ventania empurrava as folhas.
Caídas,
formavam montanhas verdes
que dançavam 
Inquietas.

As águas do rio alvoroçadas         
Abriam caminho entre as pedras.

O som do campo                                                                    
inundava tudo.


Música (Cecília Meireles)

Noite perdida,
não te lamento:
embarco a vida

no pensamento,
busco a alvorada
do sonho isento,

puro e sem nada,
- rosa encarnada,
intacta, ao vento.

Noite perdida,
noite encontrada,
morta, vivida,

e ressuscitada...
(Asa da lua
quase parada,

mostra-me a sua
sombra escondida,
que continua

a minha vida
num chão profundo!
- raiz prendida

a um outro mundo.)
Rosa encarnada
do sonho isento,

muda alvorada
que o pensamento
deixa confiada

ao tempo lento...
Minha partida,
minha chegada,

é tudo vento...

Ai da alvorada!
Noite perdida,
noite encontrada...
(Meireles, Cecília. Viagem, Vaga Música. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1982. p.21,22)


Comentário:  Quando li o poema de Cecília, sorri bastante. Por quê? Porque eu também pensei no vento. Para mim a natureza é musical, e não dava para pensar em outra coisa. Fiquei satisfeita... Agora vamos ficar com Music and me, com Michael Jackson

                                            




quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Retrato - Cecília Meireles

Desafio nº 7


Retrato (by Selma Amaral)

Fios de cabelo
acinzentando a pia,
Sorrisos da cor
de um por do sol
Marcam o tempo.

As alegrias,
           Festas,
                        Danças,
                                     Juventude,
Ficaram na parede.                                                                                       


Retrato (Cecília Meireles)

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:                                            
- Em que espelho ficou perdida                                                                                       
a minha face?

Comentário: 
Pensei no Retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde, no tempo que parou enquanto o retrato envelhecia. Pensei em quantas vezes olhamos as fotos e não acreditamos que o tempo passou. Os espelhos não falam, os retratos sim.
Vou confessar: este poema de Cecília eu já conhecia, mas não me lembrava dos detalhes. Realmente voltei minha mente a Dorian Gray e ele me inspirou.
No final, acho até que os textos conversam...
Mas hoje não gostei da experiência. Pareceu uma paródia...

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Excursão - Cecília Meireles

DESAFIO nº 6

Excursão (by Selma Amaral)

Viajo por espaços vazios.
A bagagem que levo
Mal pesa nos ombros.

Espaços vazios.

Viajo e procuro preencher
com palavras, espaços;
com poesia, lapsos.

Espaços vazios.

Procuro, preencho
Acho.

Viajo pelo espaço.


Excursão (Cecília Meireles)

Estou vendo aquele caminho
cheiroso da madrugada:
pelos muros, escorriam
flores moles da orvalhada;
na cor do céu, muito fina,
via-se a noite acabada.

Estou sentindo aqueles passos
rente dos meus e do muro.

As palavras que escutava
eram pássaros no escuro...
Pássaros de voz tão clara,
voz de desenho tão puro!

Estou pensando na folhagem
que a chuva deixou polida:
nas pedras, ainda marcadas
de uma sombra umedecida...
Estou pensando o que pensava
nesse tempo a minha vida.

Estou diante daquela porta
que não sei mais se ainda existe...
Estou longe e fora das horas,
sem saber em que consiste
nem o que vai nem o que volta...
sem estar alegre nem triste,

sem desejar nais palavras
 nem mais sonhos, nem mais vultos,
olhando dentro das almas,
os longos rumos ocultos,
os largos itinerários
de fantasmas insepultos...

- itinerários antigos,
que nem Deus nunca mais leva.
Silêncio grande e sozinho,
todo amassado com treva,
onde os nossos olhos giram
quando o ar da morte se eleva.
(Meireles, Cecília. Viagem, Vaga Música. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1982. p.18,19)

Comentário: Excursionar traz sempre surpresas. A surpresa que recebo agora é do poema de Cecília. Lindo, claro. Atento ao tempo, atento à vida. O meu? Bem, o meu...São espaços vazios...


CHARLES DICKENS

Pip

Estou na terceira parte da história de Pip, protagonista de Grandes esperanças de Charles Dickens. É necessário ler o livro para se ter ideia de como o autor retrata a dimensão da alma humana. Como podemos deixar de lado aqueles que amamos por causa de ilusões passageiras. Como nos enganamos com as aparências, deixando de lado a essência... 
Cada página passada nos faz olharmos para nós mesmos e fica difícil recriminar Pip pelas suas decisões, pois percebemos que, em seu lugar, faríamos o mesmo. É difícil julgar o seu caráter, quando está em jogo o nosso próprio. 
Resta então, ler e aprender com Pip. Ler e aprender com Dickens.
Assista a esse vídeo que retrata um pouco da história de Pip e sua amada Estela.


Disponível em http://youtu.be/Bi8yzn7kWAo.  Acesso em 04/02/2013


domingo, 3 de fevereiro de 2013

Discurso - Cecília Meireles

Desafio nº 5

Discurso (by Selma Amaral)

O que falo não tem eco

Quando penso, peso palavras

      E lavro as frases.
Vou cultivando parágrafos inteiros
      Em minha mente.

As sementes das letras na terra
Água da chuva que cai
Palavras que nascem
Florescem e crescem e dão
Frutos que alimentam

Palavras que matam
A fome de quem
Não sabe dizer.                                                                                                                                                                                                                                                                                       
                           
                                                                               
Discurso (Cecília Meireles)                           

E aqui estou, cantando.


Um poeta é sempre irmão do vento e da água:
deixa seu ritmo por onde passa.

Venho de longe e vou para longe:
mas procurei pelo chão os sinais do meu caminho
e não vi nada, porque as ervas cresceram e as serpentes andaram.

Também procurei no céu a indicação de uma trajetória,
mas houve sempre muitas nuvens.
E suicidaram-se os operários de Babel.

Pois aqui estou, cantando.

Se eu nem sei onde estou,
como posso esperar que algum ouvido me escute?

Ah! se eu nem sei quem sou,
como posso esperar que venha alguém gostar de mim?
(Meireles, Cecília. Viagem, Vaga Música. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1982. p.17)
(Fonte Imagem: http://monografias.brasilescola.com/regras-abnt/pessoas-discurso-cientifico.htm

Comentário: Estou me divertindo muito. Às vezes é difícil escrever. As palavras fogem, mas quando termino meu texto e leio Cecília, parece que ela me responde as perguntas que faço enquanto"lavro as frases". Similaridades: " O que falo não tem eco" (Selma) e "como posso esperar que algum ouvido me escute?" (Cecília). Adoro!!



sábado, 2 de fevereiro de 2013

Anunciação - Cecília Meireles

Desafio nº 4

Anunciação (by Selma Amaral)

Escuro.
Na terra,
Solidão.
                                                                                            
Dor.

Uma mulher
Flutua entre as árvores.
Do céu, o anjo desce.

Luz.

E o seu nome será Jesus.




                                                                                                           
Anunciação (Cecília Meireles)

Toca essa música de seda, frouxa e trêmula,
que apenas embala a noite e balança as estrelas noutro mar.

Do fundo da escuridão nascem vagos navios de ouro,
com as mãos de esquecidos corpos quase desmanchados no vento

E o vento bate nas cordas, estremecem as velas opacas.,
e a água derrete um brilho fino, que em si mesmo logo se perde.

Toca essa música de seda, entre areias e nuvens e espumas.

Os remos pararão no meio da onda, entre os peixes suspensos;
e as cordas partidas andarão pelos ares dançando à-toa.

Cessará essa música de sombra, que apenas indica valores de ar.
Não haverá mais nossa vida, talvez não haja nem o pó que fomos.

E a memória de tudo desmanchará suas dunas desertas,
e em navios novos homens eternos navegarão.
(Meireles, Cecília. Viagem, Vaga Música. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1982. p.16)

Fonte da imagem: Worshop of Fra Filippo Lippi (Italian, Florentine. ca.1406-1469). Disponível em: http://www.metmuseum.org/search-results?ft=filippo+lippi. Acesso 02/02/2013.

Comentário:
Como será depois disso? O que virá após? Pensei no anjo falando à Maria.
Cecília usou uma simbologia para revelar o que pode ser o nosso futuro.
Seja como for: "Cessará essa música de sombra" (Cecília) : "Luz" (Selma).




sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Noite - Cecília Meireles

Estamos no Desafio nº 3. É o terceiro poema do livro Viagem e Vaga Música de Cecília Meireles.


                                                                                    

Vamos aos textos:


Noite (by Selma Amaral)

A escuridão trazia o silêncio.
Olhava em volta                                                                                                      
Envolta em pensamentos sombrios...                                        

Das sombras,
Surgia teu sorriso
Qual estrelas!
Brilhando, guiando.

Com a noite,
A tristeza
De não poder ver-te mais.

Noite (Cecília Meireles)

Úmido gosto de terra,

cheiro de pedra lavada,
- tempo inseguro do tempo! -
sombra do flanco da serra,
nua e fria, sem mais nada.

Brilho de areias pisadas,
sabor de folhas mordidas,
- lábio da voz sem ventura! -
suspiro das madrugadas
sem coisas acontecidas.

A noite abria a frescura
dos campos todos molhados,
- sozinha, com o seu perfume! -
preparando a flor mais pura
com ares de todos os lados.

Bem que a vida estava quieta.
Mas passava o pensamento...
- de onde vinha aquela música?
E era uma nuvem repleta,
entre as estrelas e o vento.

(Meireles, Cecília. Viagem, Vaga Música. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 1982. p.15)


Comentário: 
Gente! Fantástico. Parece brincadeira, mas realmente eu não li esses poemas da Cecília. Tenho a impressão de que está havendo alguma sintonia...
Estou amando isso!
E não se esqueça! Não tenho a pretensão de ser poeta, quero apenas "poemar" e ter um bom motivo para ler e escrever Cecília!
E que tal??