sexta-feira, 12 de outubro de 2012

VIAGENS GRATUITAS

Quer viajar no feriado? Que tal um livro? 
Nunca estive em muitos lugares... em épocas que não voltam mais. 
Quero dizer fisicamente, porque Saramago levou-me à Portugal dos anos de 1700 (Memorial do Convento); Maria Duñas à Espanha e Marrocos dos anos de 1930 e 1940 (Tempo entre costuras); Patrick Süskind à França anos 1800 (O perfume)
Enfim, posso dizer que sou uma pessoa rodada.
Conheci moda, falares, lugares.
Povos, multidões, até.
Quero ler e conhecer, conhecer.
Com o ser que me povoa o coração. Não o que eu conheço, mas aquele ser ou aqueles seres a quem sou apresentada a cada página virada.
Ler, leitura, 
Vamos viajar, criatura?

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

LITERATURA: o que seria? ou ODE À PRIMAVERA

"Será que é errado dizer que literatura é aquilo que cada um de nós considera literatura? Por que não incluir num conceito amplo e aberto de literatura as linhas que cada um rabisca em momentos especiais? Ou aquele conto que alguém escreveu e está guardado na gaveta? Por que excluir da literatura o poema que seu amigo fez para a namorada, só mostrou para ela e para mais ninguém? Por que não chamar de literatura a hist´poria de bruxas e bichos que de noite, à hora de dormir, sua mãe inventava para você e seus irmãos? Por que negar o nome de literatura aos poemas mimeografados que o jovem autor vende para a platéia depois do espetáculo ou na feira hippie de domingo?" LAJOLO, Marisa. O que é literatura. São Paulo: Nova Cultural: Brasiliense, 1986, p.10.

Então, que tal um pouco de literatura?


Primavera
Cecília Meireles

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.


Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.

sábado, 1 de setembro de 2012

Ainda sobre "Noturno"

Na última postagem defini "noturno". Agora quero compartilhar uma música. Ouvir música é aguçar os sentidos. Estar pronto para emoções. É deixar-se estar. Deixar-se ficar. Voltar no tempo. Avançar no tempo. Ou, parar no tempo... Tempus fugiti... Então, que tal ouvir logo?

Noturno de Chopin



quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Definição de "Noturno"

Que tal um pouco de literatura?

Forma de composição com caráter meditativo, é um termo mais empregado na música, de um vago devaneio, criada por Field e Chopin. Em arte literária, é um poema lírico peculiar do movimento pré-modernista hispano-americano. Caracteriza-se pela intensidade lírica, ritmo métrico, densidade melancólica e, como elemento estético, a sombra sugestiva da noite, à maneira de manto de tristeza. (TAVARES, Hênio.  Teoria Literária. 8.ed. São Paulo: Itatiaia, 1984, p.289)

Vejamos um pouquinho de J.G. de Araújo Jorge em "Trecho do Noturno":

É tarde já... Cheguei cansado, exausto, trago
dentro da alma um complexo estranhamente vago,
uma angústia que eu mesmo não sei definir...
Acabei de dançar, de beber, de sorrir...
Tenho os olhos ardendo, eu sei porque ainda há pouco
olhando-me no espelho tinha o olhar de um louco
e a palidez de um doente... E pensei para mim
que essa vida da noite é exatamente assim:
vale pela ilusão de que estamos contentes
ninguém sabe o que eu sinto... e quem sabe o que sentes?



quinta-feira, 9 de agosto de 2012

SOBRE A AMIZADE E OUTROS DIÁLOGOS

Fiz aniversário. Ganhei de amigos do meu trabalho o livro Sobre a amizade e outros diálogos de Borges e Osvaldo Ferrari. Ainda estou me deliciando. Acredito que vá me demorar um pouco na tarefa de dar cabo dessa leitura. Primeiro o texto merece reflexão. Ler, reler, pensar um pouco, ler novamente. Em segundo lugar, em alguns casos, merece pesquisa. Vou procurar algumas informações sobre os temas abordados (até mesmo para entender melhor). Estou gostando das palavras que estou encontrando no livro. Fiquei feliz, ao menos elas não estão fugindo de mim.
Para completar, um trecho:

O relacionamento de amor é um relacionamento vulnerável, não? E exige contínuas confirmações, há dúvidas, e se alguém passa uns dias e não sabe nada dela, se desespera. Por outro lado, alguém pode passar um ano sem saber nada de um amigo, e isso não tem nenhum importância. A amizade, bem, a amizade não exige confidências, mas o amor sim. E o amor é um estado... de receio, é bastante incômodo, não? Bastante alarmante. Por outro lado, a amizade é um estado sereno, podemos ver ou não ver, saber ou não saber o que o outro faz.(BORGES, Jorge Luis. Sobre a amizade e outros diálogos.São Paulo: Hedra, 2009)

sábado, 4 de agosto de 2012

Receita de Praia e poesia

Receita doce: praia e poesia

Ingredientes:
Areia,
Mar
Água fresca
Uma bela manhã de sol.

Preparo:
Levante-se bem cedinho, coloque uma roupa confortável. Aquela que mais te agrada. Siga até a praia. Respire lentamente, retire os sapatos,  e caminhe lenta e calmamente até o mar. Pise a areia suavemente mas com firmeza. Aproxime-se das ondas. Observe o céu, o sol, o sol, o céu... Respire fundo. Entre no mar até que a água fresca toque seus tornozelos. Feche os olhos, eleve a cabeça aos céus e observe o dia que nasce, a bela manhã de sol. Veja a maravilhosa poesia que a natureza escreve todos os dias. De graça. Só para você!

Porção: Toda a humanidade, basta abrir os olhos.


terça-feira, 31 de julho de 2012

Ser Professor, Ser profissional

A palavra professor vem do latim e significa " o que se dedica a" (dicionário Eletrônico Houaiss). Ora, ora, ora... Pensemos: se a palavra carrega todo esse sentido, aquela pessoa que não se preocupa se seus alunos aprenderam, se o conteúdo é adequado para a turma, se o planejamento deve ser alterado porque algo não está dando certo estaria se dedicando? Acredito que não. Bem, se não está havendo dedicação, então não temos a pessoa do professor. Professor é aquele que se dedica a... O que é dedicação? Dentre os vários significados o que mais me agrada é entrega. Então professor é aquele que se entrega. 
Mas de graça?
Então,  apresento a palavra profissão: Segundo o Houaiss, profissão é um "trabalho que uma pessoa exerce para obter os recursos necessários à sua subsistência". Logo, ao se entregar, se dedicar, o professor deve obter os recursos necessários. A pergunta é: Esse recurso está sendo o necessário a sua subsistência? Está adequado à sua dedicação?

terça-feira, 10 de julho de 2012

O QUE É LITERATURA?

Literatura é a criação de uma supra realidade. Essa é a definição dos livros. Gosto de pensar que a Literatura pode ser muito mais É a democracia da ideia, do sentimento, da liberdade. Escrever o que se sente; Ler o que se gosta (até mesmo o que não se gosta). A realidade criada, inventada, vivida, sonhada. Literatura é a escrita da vida, da paixão, do amor, seja como for.



quinta-feira, 21 de junho de 2012

O PERFUME

Estou lendo " O perfume" de Patrick Süskind. Será bom? Até o momento tenho me interessado. A leitura já está me arrebatando... Abaixo, um trecho que é, também, a epígrafe do livro:

"... as pessoas podiam fechar os olhos diante da grandeza, do assustador, da beleza, e podiam tapar os ouvidos diante da melodia ou de palavras sedutoras. Mas não podiam escapar ao aroma. Pois o aroma é um irmão da respiração. Com esta, ele penetra nas pessoas, elas não podem escapar-lhe caso queiram viver. E bem para dentro delas é que vai o aroma diretamente para o coração, distinguindo lá categoricamente entre atração e menosprezo, nojo e prazer, amor e ódio. Quem dominasse os odores dominaria o coração das pessoas."

Adoro perfumes, cheiros, aromas. Será que vou me dar bem nessa leitura?

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Feriado em São Paulo

Hoje é feriado. Dia lindo! Chuva, frio, família, amigos.
Para completar, vinho quente, pipoca, bolo de fubá e filmes, muitos filmes.

A poesia de hoje é a poesia da vida.

Alegria, alegria, alegria...

Uma música então vai bem!







quinta-feira, 31 de maio de 2012

Leitura e Escrita - Sírio Possenti

Segundo dia de Simpósio em Uberlândia

Pela manhã, participei de uma mesa redonda. Foi excelente. Sirio Possenti apresentou a necessidade de se trabalhar o texto literário (leitura e escrita), em particular o romance, e textos curtos em sala de aula. Pensei na seguinte questão: Ao apresentar os gêneros do discurso, Bakhtin menciona os gêneros primários e secundários, mas detem-se na análise dos secundários, em especial os romances. Reflito: A escola detem-se nos primários ou nos secundários?

Vou fechar com um poema. Isso está ficando técnico demais:

Ternura
                                                                    Vinicius de Moraes
Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem fatalidade o olhar
                                                                     [ extático da aurora.

                                                                           Disponível em www.releituras.com.br/viniciusm_menu.asp  Acessado em 31/05/2012.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Gêneros de texto - Bernard Schneuwly

Hoje pela manhã participei de uma palestra em Uberlândia/MG (II Simpósio Internacional de Ensino de Língua Portuguesa)  sobre  Gêneros de texto com Bernard Schneuwly. Foi bastante interessante. De tudo o que foi dito o que me ficou o seguinte: Como ajudar o aluno a criar a situação de ficção para produzir um texto? Como avaliar gêneros orais?


Ainda estou pensando a respeito. Já tenho lido sobre isso me baseando em Bakhtin, para tentar encontrar uma resposta à primeira pergunta e em Marcuschi e artigos diversos de diversos autores para responder à segunda.


????????

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Léa Depresbiteris - Avaliação

Léa Depresbiteris falava sobre Avaliação. Não qualquer uma, mas a Formativa. Aquela que primeiro aprende a conhecer e depois diz o que é... Aquela que quer saber quem é o outro para depois dizer se é bom ou não, se pode melhorar, onde pode melhorar, como pode melhorar.
Conheci Léa por meio de seus textos e hoje a avalio como alguém sem limites. Seus escritos ajudaram-me a enxergar possibilidades onde parecia que não haveria futuro.
Léa Depresbiteris será sempre, estará sempre onde houver a preocupação com o outro. A simplicidade diz tudo e ela soube dizer!!

Saudades...

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Leia hoje CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Diálogo Filosófico

- As coisas não são o que são, mas também não são o que não são - disse o professor suíço ao estudante brasileiro.
- Então, que são as coisas? - inquiriu o estudante.
- As coisas simplesmente não.
- Sem verbo?
- Claro que sem verbo. O verbo não é coisa.
- E que quer dizer coisas não?
- Quer dizer o não das coisas, se você for suficientemente atilado para percebê-lo.
- Então as coisas não têm um sim?
- O sim das coisas é o não. E o não é sem coisa. Portanto, coisa e não são a mesma coisa, ou o mesmo não.
O professor tirou do bolso uma não-barra de chocolate e comeu um pedacinho, sem oferecer outro ao aluno, porque o chocolate era não.
ANDRADE. Carlos Drummond. Contos Plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 2003, p.65.



quinta-feira, 29 de março de 2012

Millôr Fernandes


Pensei em várias coisas para escrever aqui sobre ele. Em vez de tentar algo que talvez não expresse exatamente o que ele É, prefiro escrever abaixo alguns hai-kais.Você sabia que ele também os produzia?

Aí vão alguns:

A vida é bela
Basta saltar
Pela Janela.


A esta hora
E o dia
Inda lá fora.

Prometer 
E não cumprir:
Taí viver
( Fernandes, Millôr.Hai-Kais. Porto Alegre: L&PM, 2000)





Imagem Disponível em Caras.uol.com.br.Acesso em 29/03/2012.

sexta-feira, 9 de março de 2012

SARAMAGO, O MAGO

Sobre Livros e Leitura

Segunda-feira, 05 de março, comecei a ler Memorial do Convento de José Saramago.
Estou amando!!
Como não pode deixar de ser, quero compartilhar com você, querido leitor, alguns trechos inesquecíveis, impagáveis, imensuráveis, porém não ilegíveis!!

"Sei que sei, não sei como sei, não faças perguntas a que não posso responder" (p.54)

"Seguiu Baltasar o seu caminho, fazendo a S. Bento promessa de um coração de cera se lhe pusesse adiante, ao menos uma vez na vida, uma inglesa loura, de olhos verdes, e que fosse alta e delgada. Se no dia da festa daquele santo vai a gente bater-lhe à porta da igreja a pedir que não falte o pão, se as mulheres que querem arranjar bons maridos mandam rezar-lhe missas às sextas-feiras, que mal tem que peça um soldado a S. Bento uma inglesa, ao menos uma vez, para não morrer ignorante." (p.43)

"Mas é tão sóbrio el-rei que não bebe vinho, e porque a melhor lição é sempre o bom exemplo, todos o tomam, o exemplo, não o vinho". (p.49)


Saramago, José. Memorial do Convento. 25 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000.

NÃO É O MÁXIMO???

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

O que são versos?


VERSOS

Florbela Espanca
Versos! Versos! Sei lá o que são versos...
Pedaços de sorriso, branca espuma,
Gargalhadas de luz, cantos dispersos,
Ou pétalas que caem uma a uma...


Versos!...Sei lá! Um verso é teu olhar,
Um verso é teu sorriso e os de Dante
Eram o seu amor a soluçar
Aos pés da sua estremecida amante!

Meus versos!... Sei lá também que são...
Sei lá! Sei lá!... Meu pobre coração
Partido em mil pedaços são talvez...

Versos! Versos! Sei lá o que são versos...
Meus soluços de dor que andam dispersos
Por este grande amor em que não crês!...

Espanca, Florbela. A mensagem das violetas. Porto Alegre: L&PM, 2001.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

PABLO NERUDA

ERA VERDE o silêncio, molhada era a luz,
tremia o mês de junho como uma borboleta
e no astral domínio, desde o mar e as pedras,
Matilde atravessaste o meio-dia.

Ias carregada de flores ferruginosas,
algas que o vento sul atormenta e esquece,
ainda brancas, fendidas pelo sal devorante,
tuas mãos levantavam as espigas de areia.

Amo teus dons puros, tua pele de pedra intacta,
tuas unhas oferecidas no sol de teus dedos,
tua boca derramada por toda a alegria,

mas, para minha casa vizinha do abismo,
dá-me o atormentado sistema do silêncio,
o pavilhão do mar esquecido na areia.


Neruda, Pablo. Cem sonetos de amor. Porto Alegre: L&PM, 1999. p.48

Essa é para vocês meus amigos leitores!!
Até breve!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Agora já estamos em 2012 e eu ainda não havia postado nada! Também, são tantas as emoções... Contas, esperanças, desesperanças, sonhos, planos! Afinal eu precisava de umas folgas.


Para marcar o retorno: FERNANDO PESSOA

 

A única realidade para mim são as minhas sensações

A única realidade para mim são as minhas sensações. Eu sou uma sensação minha. Portanto nem da minha própria existência estou certo. Posso está-lo apenas daquelas sensações a que eu chamo minhas.
A verdade? É uma coisa exterior? Não posso ter a certeza dela, porque não é uma sensação minha, e eu só destas tenho a certeza. Uma sensação minha? De quê?
Procurar o sonho é pois procurar a verdade, visto que a única verdade para mim, sou eu próprio. Isolar-se tanto quanto possível dos outros é respeitar a verdade