quinta-feira, 7 de março de 2013

Escrevendo Cecília Meireles

Continuo com Cecília Meireles. Espero que ela não se canse de mim...

RITMO (by Selma Amaral)

De todas as canções,
A tua.

Pela manhã, dos pássaros a sinfonia.
À tarde os carros e as buzinas insistentes.
O sorriso das crianças virando a esquina,
Os talheres conversando no ir e vir ao prato na mesa.

A música soou em meus ouvidos.
Dos pássaros roubei a sinfonia,
dos carros apaguei as buzinas,
das crianças recolhi os sorrisos
e limpei o prato sobre a mesa.

Só para ouvir a voz, 
a tua.
Por todo o dia,
Teu ritmo,
Por toda a vida.


Ritmo (Cecília Meireles)

O ritmo em que gemo
doçuras e mágoas
é um dourado remo
por douradas águas.

Tudo, quanto passo,
olha-me e suspira.
- Será meu compasso
que tanto os admira?
(Meireles, Cecília. Viagem e Vaga Música. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982, p.143)


Comentário: Escrever Cecília é sempre uma surpresa. Cada texto que escrevo, após ler apenas o título de um dos poemas de Cecília, encontro novidades. Depois que leio o dela e, finalmente, comparo os dois, o meu e o da poeta (é isso mesmo, não poetisa, prefiro poeta), me delicio... Mas há dias não o fazia.
Estava com saudades. Saudade de Cecília. Saudade da emoção, da sensibilidade, da música.
Saudade de mim também. Porque me parece que esse exercício arranca de mim coisas que eu sequer sabia que estavam lá.





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