segunda-feira, 6 de junho de 2011

O meu olhar - Alberto Caeiro

                                 Hoje não quero continuar o poema de Thiago de Mello. Farei isso depois.

Hoje quero divagar, devagar, bem devagar...
Falar de outras coisas, ou quem sabe, das mesmas coisas, mas de modo diferente.
Então, que tal Fernando Pessoa, ou Alberto Caeiro?
           Mas só um tiquinho...

"...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar..." (O meu olhar - Alberto Caeiro)

MARAVILHA

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Os estatutos do Homem - Thiago de Mello (2ª parte)

Artigo VI. Fica estabelecida, durante dez séculos,
                a prática sonhada pelo profeta Isaías,
                e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
                e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII. Por decreto irrevogável fica estabelecido
                  o reinado permanente da justiça e da claridade,
                  e a alegria será uma bandeira generosa
                  para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII. Fica decretado que a maior dor
                   sempre foi e será sempre
                   não poder dar-se amor a quem se ama
                   e saber que é a água
                   que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX. Fica permitido que o pão de cada dia
                tenha no homem o sinal de seu suor.
                Mas que sobretudo tenha sempre
                o quente sabor da ternura.

Artigo X. Fica permitido a qualquer pessoa,
               a qualquer hora da vida,
               o uso do traje branco.

Artigo XI. Fica decretado, por definição,
                que o homem é um animal que ama
                e que por isso é belo,
                muito mais belo que a estrela da manhã.

(Continua...)